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Entrevista

EMATER domina técnica de uso da Manipueira
23/11/2008 00:09:24


Antônio Paixão, estensionista

Por: José Marques (Assessor de Comunicação do EMATER)
e Narciso Sousa (estagiário)
Tel. 3216 3856/8851 2986

O extensionista rural do EMATER – Instituto de Assistência técnica e Extensão Rural do Piauí, Tec. Agrícola Antônio Paixão, que atua no escritório de Valença do Piauí, no território do Vale do Sambito, tem se destacado nacionalmente em feiras e eventos com a divulgação da manipueira, um sub-produto da mandioca. A substância é extraída no processo de fabricação de farinha, goma e outros produtos historicamente considerados como nobres. Mas, o trabalho do extensionista tem mostrado que a agricultura familiar pode ter ser beneficiada com a produção de vinagres, fertilizantes, e até tijolos. “A mandioca é a planta mais brasileira, tendo em vista que, quando o Brasil foi descoberto, os portugueses já encontraram os índios lidando com a mandioca para a produção de alimentos e bebidas”, diz Paixão. Entusiasmado com os vários usos da planta, inclusive com o supervalor protéico das partes aéreas como caule e folhas, o técnico concedeu entrevista ao Portal EMATER, durante visita que fez à feira do empreendedor, encerrada ontem (23) em Teresina. Confira! 

ASCOM/EMATER – De início, perguntamos logo: como a manipueira entra na produção de tijolos?

ANTÔNIO PAIXÃO - É um processo ecológico, pois evita o aquecimento global, economizando água e evitando o desmatamento. Na produção de tijolos a manipueira é usada para substituir a água, que misturada ao barro e a matéria orgânica presente, faz uma espécie de liga. Os elementos químicos presentes no liquido fazem o papel do fogo, pois sua evaporação endurece o tijolo do mesmo modo que o fogo faria. Esse processo reduz o uso de água, poupa a matriz calorífica que é a lenha, evitando o desmatamento e evita a emissão de gazes com a queima.

ASCOM/EMATER - O que é a Manipueira e quais os malefícios do seu mau uso?

ANTÔNIO PAIXÃO - É um liquido que sai da mandioca depois de prensada, no processo de produção de farinha. Se ela for despejada na natureza provoca poluição a terra e às águas, causando grandes prejuízos ao meio ambiente e ao homem. Esse despejo pode ser evitado com a utilização de técnicas corretas de manejo na casa de farinha.

ASCOM/EMATER - Então, como aproveitar a manipueira e não poluir o ambiente?

ANTÔNIO PAIXÃO - A manipueira pode ser utilizada de varias maneiras. Como fertilizante natural, substituindo os agrotóxicos das lavouras, sendo um defensivo natural contra formigas, carrapatos e doenças que atacam as lavouras. Na produção de vinagre para uso doméstico e comercial, na produção de tijolos para a construção e na produção de sabão. Então, a manipueira tem sua grande importância na agricultura familiar.

ASCOM/EMATER - E como é o trabalho que o senhor desenvolve no EMATER?

ANTÔNIO PAIXÃO - O EMATER está desenvolvendo esse trabalho na região de Valença e Picos, visando minimizar o custo no momento em que os agricultores estão fazendo as suas famosas “farinhadas”, além de gerar produtos dos insumos da mandioca. A mandioca é a planta mais brasileira, tendo em vista que, quando o Brasil foi descoberto, os portugueses já encontraram os índios lidando com a mandioca para a produção de alimentos e bebidas. Ainda hoje, apesar desses mais de 500 anos, ainda estamos engatinhando na pesquisa da mandioca. O EMATER, através do nosso trabalho de extensão rural, está capacitando nossos mandiocultores, dando ênfase na questão do aproveitamento da manipueira e da parte aérea da mandioca, que são as ramas, as manivas, para a fabricação de ração animal. Foi provado que a parte aérea da mandioca, o terço superior, é 28 % proteína bruta e é excelente para produção de ração para animais. Nós estamos fazendo esse trabalho no semi-árido do Piauí, tendo em vista a necessidade de produção de reserva alimentar para os animais.

ASCOM/EMATER - Como essa tecnologia está chegando ao agricultor familiar?

ANTÔNIO PAIXÃO - Através das nossas consultorias e capacitações junto às associações e assentamentos. Temos atuado ainda na região de Oeiras. No ano passado, estivemos presentes nos assentamentos da reforma agrária, trabalhando  produtos como farinha e a goma, bem como o aproveitamento da manipueira. Este produto, na sua composição química, contém os macro e micro nutrientes excelentes para fazer a fertilização do solo, além de conter enxofre, um fungicida natural, sem contar com aproveitamento da parte aérea para adubo foliar.

ASCOM/EMATER - Quais estados do Brasil o senhor já difundiu essa tecnologia?

ANTÔNIO PAIXÃO - Tive a oportunidade de viajar para o Rio Grande do Norte, na cidade de Vera Cruz onde participei da festa da mandioca. Nessa oportunidade, participamos em oficinas do aproveitamento da manipueira para produção de vinagre, sabão e tijolos. No último mês de setembro, à convite da Universidade do Sudoeste da Bahia, participamos do  I Seminário Nacional Sobre Manipueira, que aconteceu na cidade de Vitoria da Conquista. Na oportunidade participamos de palestras e oficinas sobre a utilização da manipueira. E agora, recentemente estive na EXPOBrasil, de Desenvolvimento Local, na cidade de Cuiabá, MT onde participei como expositor de produtos e tecnologias sociais, ministrando palestra sobre o aproveitamento dos subprodutos da mandioca. Foi um evento muito importante que contou com a presença de 13 países da América latina, além de Portugal e Estados Unidos. O/EMATER-PI marcou presença divulgando essas tecnologias sociais.

ASCOM/EMATER - Qual a importância do EMATER dominar essa tecnologia, considerada a ultima novidade em aproveitamento integral de produtos agrícolas?

ANTÔNIO PAIXÃO - O EMATER, como a entidade de inclusão e como a pioneira na extensão rural no Piauí, deve continuar divulgando e demonstrando essas ações, pois vivemos num mundo que a tecnologia traz muitos benefícios, mas ao mesmo tempo traz algum prejuízo, principalmente na questão do aquecimento global. Então, esse trabalho tem importância maior, tendo em vista a questão do meio ambiente. Temos que aproveitar esses resíduos e utilizar de forma correta para que o meio ambiente não venha a ser prejudicado.

ASCOM/EMATER - Quais são as próximas atividades a serem realizadas nesse sentido de expansão da tecnologia?

ANTÔNIO PAIXÃO - Recentemente elaboramos um projeto e encaminhamos para a diretoria geral do EMATER, através do nosso regional. Esse projeto está em andamento, através de parceiros como a fundação Banco do Brasil. A nossa intenção é que seja instalada na nossa região uma agroindústria do beneficiamento da mandioca. Essa agroindústria vai servir como laboratório e referencia, para que possamos levar para esse ambiente os mandiocultores de outras comunidades, visando demonstrar toda a tecnologia envolvendo a cadeia produtiva da mandioca.

ASCOM/EMATER - Cite exemplos de produtores empreendedores que aumentaram a renda com esses produtos da manipueira.

ANTÔNIO PAIXÃO - Na região de Valença, ainda estamos implantando essa tecnologia. Mas, na região de Picos, já existem pessoas que desenvolvem esses produtos em escala comercial. Recentemente recebi uma ligação de pessoas da região de Picos querendo mais informações, para colocar a produção em escala comercial. A gente faz isso agora e as pessoas estão aderindo. Acredito que em um ano estarão produzindo e melhorando sua renda.

21/11/08




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