Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí
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Entrevista

EMATER garante presença em 100% dos municípios piauienses
26/03/2009 00:12:50


Engº Agrº Francisco Guedes

Por José Marques de Souza Filho
Assessor de Comunicação do EMATER
Tel 8851 2986

O momento histórico do EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí, não é apenas o da elevação surpreendente do volume de recursos investidos nas atividades de assistência técnica e extensão rural em todo o Estado, que chega a mais de R$ 50 milhões em 2009/10, mas, também, o fato de, no ultimo mês de fevereiro, o governador Wellington Dias autorizar a instalação dos últimos 39 escritórios do Instituto no território piauiense, o que garante 100% de cobertura do órgão no Estado. O governador, orgulhoso disto, disse que poucos estados do país conseguiram este feito. Já o Eng° Agr° Francisco Guedes, diretor geral do Instituto, que também é pesquisador da EMBRAPA e especialista em Semi-Árido, disse nesta entrevista que está confiante nas parcerias que estão sendo estabelecidas com os governos federal, estadual e municipais, além dos movimentos sociais, no sentido de oferecer um técnico para cada 100 famílias, o que vai possibilitar uma assistência técnica continuada e permanente aos agricultores familiares de cada município. Confira a entrevista!

ASCOM/EMATER – Qual é a avaliação que o senhor faz desse fato, que é a presença do EMATER em 100% dos municípios piauienses?

Guedes – Este é um fato histórico, inédito e importante. É a presença do EMATER nos 224 municípios piauienses que passaram a ter, no mínimo, um técnico em cada município e estrutura com todo mobiliário de um escritório, o que inclui computação e demais acessórios, além de um veículo. Além disto, procuramos parceria com as prefeituras para que os municípios tenham um desenvolvimento mais agilizado do meio rural. Vale lembrar, que os municípios piauienses são essencialmente agrícolas. Então, é fundamental a presença do EMATER em cada município para dar uma assistência técnica mais efetiva e continuada aos agricultores familiares, visando evitar que eles saiam de seus municípios.

ASCOM/EMATER – Em 2002 só existiam 35 escritórios. No ano passado chegou aos 187, e agora aos 224 municípios. A que se deve essa rapidez e essa agilidade?

GUEDES – Se deve, essencialmente, às parcerias do governo estadual, federal e municipais com os movimentos sociais. A estruturação do EMATER se deve também a estruturação do Governo Federal dentro do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, com a criação do DATER – Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural, os planos nacional e/ou estaduais de assistência técnica. E, agora, com uma maior efetivação de tudo isso através do Pacto Federativo, que é uma estruturação melhor dos emateres nos Territórios da Cidadania. Nós vamos dar um salto maior ainda de qualidade, para a gente chegar à meta de ter um técnico para cada 100 famílias. É a presença maior, com assistência técnica continuada e permanente, a todos os agricultores familiares de cada município, iniciando com os Territórios da Cidadania, que envolve mais de 50% do Estado do Piauí com as duas grandes regionais (do EMATER) em São Raimundo Nonato e São João do Piauí, que é do território da Serra da Capivara; Paulistana e Picos no Vale do Guaribas; Oeiras no Vale do Canindé; Teresina e São Pedro do Piauí no Entre Rios; Campo Maior e Piripiri no Carnaubais; Esperantina no território do Cocais. Todos estes territórios serão mais contemplados em função dos menores IDH – Índices de Desenvolvimento Humano nestas regiões. Neste Pacto Federativo nós vamos ampliar mais ainda a estruturação de cada um dos emateres e contratar mais 380 técnicos para estes escritórios, sempre com foco no empreendedorismo, na inovação tecnológica, na agricultura orgânica, em empreendimentos agrícolas individuais e, especialmente, coletivos nos assentamentos e comunidades organizadas.

ASCOM/EMATER – A idéia é tornar a assistência técnica um fator importante numa comunidade, assim como é a educação e a saúde, por exemplo?

GUEDES – A idéia é copiar os exemplos positivos como o Programa Saúde da Família que está melhorando a saúde do povo brasileiro. Então, um Programa de Desenvolvimento Sustentável Rural é na linha da municipalização da agricultura, assim como foi a municipalização da saúde. A idéia é ter os programas de desenvolvimento rural em cada município com base neste programa, de ter um técnico para cada cem famílias de agricultores familiares.

ASCOM/EMATER – O Vice-Governador Wilson Martins defende a proposta de tornar a agricultura familiar tão competitiva quanto o agronegócio, o que o senhor acha disto?

GUEDES – É importante isso. No rumo dos empreendimentos agrícolas, basta falar que,   grandes exemplos, são o das cadeias produtivas da apicultura e cajucultura. Na apicultura temos 1600 agricultores familiares e médios produtores de mel que estão em cooperativas e associações, vinculadas a uma central de cooperativas, que é a Casa APIS. O Governo, em parceria com estas associações, investiu, e hoje o mel do Piauí, mel orgânico, está competindo em pé de igualdade e em nível superior a qualquer mel do Brasil e do mundo. A mesma coisa é na cajucultura, com a COCAJUPI, que tem 582 famílias de cajucultores que estão implementando ainda mais a assistência técnica numa parceria com a FBB - Fundação Banco do Brasil e a COCAJUPI para ter assistência técnica permanente e continuada para a melhoria da produção e da produtividade e do aproveitamento integral do caju. Não só da castanha, mas integral do caju, com a cajuína, polpa de fruta e demais receitas para melhorar ainda mais a competitividade que nós temos. Assim como, também, no caso do algodão, onde temos grandes e médios produtores.  Também na cana de açúcar, que tem as empresas âncoras e os pequenos produtores de sindicatos de trabalhadores rurais para transformar os nossos assentamentos e as comunidades organizadas em empreendimentos agrícolas, transformá-los em empreendedores, para agregar valor, melhorar a produção agrícola e melhorar a agroindústria, que é um grande potencial que temos aqui no Piauí.

ASCOM/EMATER – Na sua avaliação, o agricultor familiar piauiense entende o que é assistência técnica e extensão rural, a importância da produtividade, produção, já está na cabeça do agricultor ou muita coisa ainda precisa ser melhorada?

GUEDES – Existem coisas que precisam ser melhoradas. Mas, já mudou bastante. Basta ver a organização dos trabalhadores rurais, tanto no MST, CPT, FETAG, sindicatos, pólos sindicais, FETRAF, as coordenações dos movimentos quilombolas estão bem organizados para exigir que as políticas públicas sejam voltadas para eles prioritariamente. O nível de organização é grande para ter um projeto alternativo de desenvolvimento sustentável em cada município. Isso avançou bastante, mas ainda há muito o que melhorar. Não dá para gente exigir que um agricultor que tenha menos do que o ensino fundamental tenha o mesmo nível de pensamento tecnológico que um engenheiro agrônomo ou veterinário que passou vinte anos estudando para isso. Então, a busca do empreendedorismo é em longo prazo, não é de uma hora para outra. É uma cultura que estamos implementando aos poucos.

 ASCOM/EMATER – Qual é a estrutura do EMATER atualmente para dar conta destas novas demandas que estão acontecendo?

GUEDES – Está melhorando bastante. Desde o desmonte das emateres do Brasil na década de 90 até 2002, estamos buscando a reestruturação de 2003 para cá. Com os investimentos federais e estaduais, com as capacitações, a melhoria dos níveis de capacitação dos nossos técnicos melhorou bastante. Isso é um processo continuado. Com o aumento das demandas, temos que inovar também. O mundo mudou, o Brasil mudou, o Piauí mudou, a cabeça das pessoas também mudou, evoluiu. Então, temos que melhorar também. Nesse processo de avanço tecnológico, melhoria da produtividade, da produção agrícola em busca do empreededorismo, estamos avançando bastante.

ASCOM/EMATER – Em termos de qualificação profissional existem mecanismos novos como a internet chegando ao EMATER. O que isto representa?

GUEDES – Isso é um ponto importante. Quando chegamos aqui a gente via técnicos de nível superior que tinham medo de um computador. Então, buscamos oferecer capacitações em todos os municípios e regionais, e aqui no estadual, para que eles tivessem a oportunidade de trabalhar com os computadores. Hoje, a gente vê a alegria das pessoas de se sentirem inseridas no contexto mundial da globalização, usando a Internet em proveito da profissão. Isso é fundamental. E estamos avançando cada vez mais, buscando melhorias em todos os sentidos. Por exemplo, estamos falando do enquadramento dos servidores. O último que foi feito para facilitar a avaliação do desempenho e a implantação de um bom PCCS - Plano de Cargos e Carreiras dos Servidores foi há 15 anos. Havia 15 anos que os servidores não tiveram avaliação e não melhoraram seus salários. Então, conseguimos agora no ano passado criar uma comissão paritária dos servidores pelos sindicatos e da administração indicados pela diretoria e chegamos a um bom termo, onde 623 profissionais do EMATER foram enquadrados e tiveram melhorias salariais, facilitando a avaliação de desempenho, o que possibilita ainda, a gente negociar um bom PCCS. Acho que vamos chegar a bom termo ainda este semestre.      

ASCOM/EMATER – Em relação a recursos financeiros, qual é a realidade do EMATER atualmente em termos de parcerias?

GUEDES – Nós estamos buscando parcerias com todos os órgãos federais, estaduais e com as prefeituras municipais, além dos movimentos sociais, para que a gente possa agilizar o nosso trabalho, que é fundamental para que ocorra o incremento da produção, da produtividade, da agregação de valor. Estamos avançando bastante. Os convênios que conseguimos fazer remontam acima de R$ 50 milhões. Por exemplo, o projeto que fizemos com o MDA de R$ 17 milhões para a qualificação mais ainda dos nossos técnicos e agricultores familiares vai possibilitar muitos cursos de capacitação. Por outro lado, dentro do Programa Mais Alimentos vamos buscar também a inovação tecnológica. O Governo Federal fez um convênio com os fabricantes de máquinas agrícolas para adaptação das máquinas à agricultura familiar e barateamento. O Governo reduziu com o IPI – Imposto sobre Produtos Industriais e os empresários reduziram os preços. Neste mês de março, em parceria com a SDR – Secretaria de Desenvolvimento Rural e a FAEPI – Federação da Agricultura, trouxemos alguns produtores e técnicos do MDA para discutir melhor como utilizar estes recursos do Governo Federal em beneficio dos agricultores do nosso Estado. Outro convênio importante foi com o IICA –Instituto Interamericano, através do Banco do Nordeste. Estamos capacitando mais ainda os nossos caprinovinocultores na melhoria da produtividade deste setor, começando pelos Territórios da Serra da Capivara, do Vale do Canindé e dos Cocais. Além disto, fizemos um bom intercambio tecnológico com a EMBRAPA/Semi-Árido, de Sobral – CE, quando foram capacitados 50 técnicos do EMATER e um intercambio técnico para 37 agricultores familiares, além de mais dez técnicos. Fizemos ainda um bom convenio com o MDS – Ministério do Desenvolvimento Social, no valor de R$ 600 mil para a melhoria da geração de emprego e renda na agricultura urbana e peri – urbana, na periferia das grandes cidades, começando por Teresina. O trabalho vai acontecer através da FETRAF – Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar e do assentamento Recanto de Santo Antonio, que vão criar um Centro de Agricultura Urbana e Peri urbana no existente CENTAF - Centro de Treinamento do EMATER, em Teresina. Além disto, estamos na fase conclusiva do Pacto Federativo, que é o fortalecimento mais ainda da agricultura familiar nos territórios da cidadania, no sentido da gente entrar na linha do empreendedorismo, investindo em 2009/10, R$ 30 milhões, sendo 15 milhões do Governo Federal e R$ 15 milhões do Governo Estadual.

26/03/09



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