(*) ADEMAR DE ASSIS CABRAL
E FRANCISCO JOSÉ DE ALENCAR
No dia 6 de dezembro de 1948, o então governo Milton Campos, de Minas Gerais, assinava com a Associação Internacional Americana (AIA) o convênio que criava a antiga Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR-MG) naquele estado. Era a efetivação que constituiria o embrião da Extensão Rural no Brasil, que chegava com o “objetivo de conter o êxodo rural, através de uma proposta de educação extra-escolar que promoveria a melhoria do padrão de vida, saúde e educação da comunidade rural, vista como organização social homogênea e não estratificada”. Essa data, portanto, ficou registrada na História como o “dia nacional da Extensão Rural”.
Apesar dos resultados educativos das ações de Ater serem mais demorados, os resultados de campo sempre foram muito significativos, palpáveis e de curto prazo. Por esta razão, sua expansão, inicialmente, se dera muito rapidamente por todo o país. Como nos outros estados, logo em 1966 foi criada, no Piauí a ANCAR-PI, que, por crescer significativamente, logo cedo fora transformada na antiga empresa EMATER-PI, com o apoio da EMBRATER, apoiava as filiadas nos estados.
No início dos anos 90, quando o governo federal extingue a EMBRATER, caem por terra todas as suas filiadas, principalmente as dos estados mais pobres, como o Piauí, que recebia até 80% dos recursos para execução de suas ações. Foi quando, logo em 1993, o governo do estado transformou a EMATER-PI no atual Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural, preservando-lhe a sigla EMATER-PI, que ainda permanece. Essa multiplicidade de transformações das instituições se dava pela expansão das ações de Ater. Depois, no final da década de 80 e início dos anos 90, pelo seu fracasso.
Mas o fracasso da Extensão Rural mexeu profundamente com os interesses dos agricultores nacionais. Não se contentando, utilizaram-se das suas entidades representativas para fazerem movimentos por todo o país na luta por assistência técnica e extensão rural pública, gratuita e de qualidade. Foram alguns anos de luta para conquistarem o apoio do governo federal. Conquistaram-no, mas o sucateamento das instituições era tamanho que, apesar dos esforços dos governantes, sua recuperação não se faz com a velocidade desejada. É que o orçamento do DATER, departamento recém criado pela SAF/MDA de apoio às instituições de ATER, apesar de promissor, ainda é muito apertado.
Como garantia para a transição agroecológica, o EMATER vem promovendo capacitações tanto para os servidores recém-nomeados como para os que já têm muito tempo de extensão. Além do mais, acorda com o INCRA a elaboração de projeto para implantar um programa de aproveitamento do jovem rural como agente de transformação no campo. Isso para facilitar a quebra de resistências e promover as mudanças de atitudes no Campo. Também planeja concluir a reestruturação da instituição com a abertura de mais escritórios, aquisição de mais veículos, computadores e outros materiais, além da contratação de pessoal, ajuste parcial de gestores nos cargos e a manutenção das capacitações como processo educativo continuado.
Podemos afirmar que as ações extensionistas tiveram seus momentos de glória e de fracassos. Depois de longo tempo no fracasso, somente a partir de 2003 o EMATER-PI vem sendo reestruturado, com o objetivo de se refazer instituição de Ater, nos níveis de anseio do agricultor familiar e da sustentabilidade compatível com os preceitos da Agroecologia. Por tudo isso é que não poderíamos esquecer o 06 de dezembro como data comemorativa da Extensão Rural.
(*) ADEMAR DE ASSIS CABRAL E FRANCISCO JOSÉ DE ALENCAR, SÃO EXTENSIONISTAS RURAIS DO EMATER-PI.