Por José Marques de Souza Filho
Assessor de Comunicação do EMATER Tel – 9403 2900
O diretor geral do EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí, Eng. Francisco Guedes participou no último sábado (14), no município de Landri Sales, na região dos cerrados piauienses, da oficina de validação do Plano Safra no Território Alto Parnaíba. De acordo com os organizadores, esta é a primeira vez que os agricultores familiares deste território vão ter um documento com levantamentos e dados oficiais para negociação de quantidade de crédito e forma de assistência técnica.
O evento foi realizado pelo Fórum Territorial de Desenvolvimento Sustentável, implementado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, visando prevê uma planilha de aplicação do PRONAF - – Programa Nacional de Agricultura Familiar de 2007 até 2011, nos 15 municípios daquele território, que inclui, além de Landri Sales, Urucuí, Jerumenha, Marcos Parente, dentre outros. Participaram técnicos do EMATER que atuam na região. Foram convidadas, ainda, entidades parceiras como bancos, sindicatos, secretarias e órgãos públicos.
Guedes, ao se pronunciar, disse que o relatório do evento vai melhorar a qualificação do crédito do PRONAF. Ele falou sobre a importância da organização dos trabalhares rurais e enfatizou que o EMATER está pleiteando recursos da ordem de R$ 10 milhões na SAF – Secretaria de Agricultura Familiar do MDA para aplicação em assistência técnica no Piauí. “Até o dia 25 próximo vamos estar levando uma proposta para Brasília, contemplando uma serie de projetos”, disse Guedes.
Técnicos discutem o endividamento no PRONAF
Os altos índices de endividamento dos agricultores familiares no PRONAF, que no Território do Alto Parnaíba chega a índices alarmantes, foi um dos temas discutidos durante a oficina. Para o consultor Renato Couto, é preciso saber que existe uma grande concentração de Pronaf nos grupos B e C, enquanto não existe demanda satisfatória em grupos como Pronaf Agroindústria e Pronaf Jovem, por exemplo.
Ele disse que a principal causa do endividamento é a alocação de recursos para agricultores que não tem perspectiva de pagamento. “Falta orientação e assistência técnica. A grande maioria dos agricultores acha que o Pronaf B não é para ser pago. Estamos começando a identificar que está faltando orientação e o enquadramento na linha adequada para aqueles agricultores”, disse Renato. “A maioria dos agricultores familiares acha que o Pronaf é mais uma linha de credito. Mas, isso foi uma luta dos trabalhadores. A concepção não foi ainda socializada de uma forma adequada”, completou Rosangela Maria, coordenadora.
O consultor Renato disse ainda que este território tem uma particularidade, em função do agronégócio da região. “Foi percebido aqui nesta oficina que o agronegócio está tomando o espaço da agricultura familiar na questão da posse da terra”, ressaltou Renato. “A gente tem sempre que provar que aqui (na região do cerrado) tem agricultura familiar. Os bancos não valorizam muito. Esse território tem grande dificuldade de acesso as agências bancárias, a alguns órgãos e secretarias. Isso tudo, por conta desse mito que foi criado de que no cerrado o agronegócio é a maior força”, completou Rosangela.
Definida as demandas quantitativas do Alto Parnaíba
Segundo o articulador estadual dos cinco territórios de atuação da SDT – Secretaria de Desenvolvimento Territorial do MDA no Piauí, Antonio José Pereira, além deste evento, está sendo elaborado um plano de negocio para instalação de diversas agroindústrias e o estudo da cadeia de negocio do extrativismo neste território.
Segundo o articulador, a oficina identificou uma demanda social de mais de 8 mil agricultores familiares no Alto Parnaíba. “Considerando uma média de R$ 5 mil por cada agricultor vai dar cerca de R$ 50 milhões para ser aplicado neste território. Para executar isso, o território tem um colegiado e vai buscar as parcerias, com o EMATER, por exemplo. Temos demanda real da assistência técnica para ser qualificada neste período de cinco anos”, relatou Pereira.
Bancos não flexibilizam negociação com agricultores familiares
A consultora Rosário Barros, também uma das coordenadoras do evento, criticou duramente a postura de alguns bancos, aos quais acusou de manter posturas de terceiro mundo. “Algumas agências bancárias, alguns gerentes, trabalham o crédito como se fosse propriedade do banco e não é! O dinheiro do empréstimo para agricultura familiar é uma propriedade coletiva, é do brasileiro. O agente financiador não tem poder de tirar a autoridade do agricultor de acessar esse crédito”, disse ela.
De acordo com Rosário, o relatório deste evento vai colocar a discussão sobre a falta de flexibilidade dos bancos. Ela cita como exemplo a situação em que a mulher trabalhadora rural está desclassificada como agricultora familiar para acessar o Pronaf Mulher, se o marido dela for assalariado de uma empresa rural. “Isso é um absurdo! Então, o crédito precisa ser dinamizado, aplicado com amplitude e, principalmente com tranqüilidade e serenidade”, finalizou Rosário.
15 – 07 – 2007