Cerca de 20 técnicos do EMATER - Instituto de Assistência Técnica e
Extensão Rural representando as regionais de Oeiras, São João do
Piauí, Paulistana, São Raimundo Nonato e Valença prestigiaram, no
ultimo sábado (25), o evento para implantação de 300 "Barraginhas", no município
de Oeiras. O evento foi promovido pelo EMATER, PPCSA - Programa de
Permanência com o Semi-árido, Cooperativa de Produção e Serviços de
Técnicos Agrícolas do Piauí e Associados e o Fórum de Convivência
com o Semi-árido. Teve ainda o apoio da Fundação Banco do Brasil e
Petrobras.
A atividade contou com a apresentação do sistema, que aconteceu no
Centro de Formação Dom Edilberto, no Centro de Oeiras, onde o
criador da nova tecnologia, o pesquisador da EMBRAPA/Milho e Sorgo,
de Minas Gerais, Luciano Cordoval, explicou detalhadamente aos
técnicos e parceiros as vantagens do novo sistema. Em seguida, a
equipe foi deslocada até a localidade Morro Redondo, a cerca de 15
km do centro da cidade, para acompanhar a abertura da primeira
unidade, que é feita com um trator. "Essa tecnologia vai trazer um
grande futuro na questão da estiagem no semi-árido", comenta
Raimundo Veloso, técnico do EMATER, no município de Novo Oriente.
A propriedade do senhor Valdemar José da Rocha, que tem 44 ha com
plantação de caju, milho, feijão, arroz, mandioca, criação de ovelha,
gado, porco e galinha caipira, é uma das primeiras beneficiadas.
"Com as "Barraginhas", vai ser possível sustentar mais a umidade do
"baixão". Vai servir para molhar mais a raiz da planta onde pretendo
plantar arroz, feijão, milho e uma horta com tomate, pimentão, melão,
melancia e mamão. Estou satisfeito demais. A gente sabe que a
chuva é passageira, por isso tem que ter um ponto para segurar por
mais tempo a água dentro do "baixão", explica Valdemar, demonstrando
conhecer bem os benefícios da nova tecnologia.
O diretor do EMATER, Eng. Agrônomo Francisco Guedes, que é
pesquisador da EMBRAPA e há mais de vinte anos pesquisa alternativas
de convivência com a região do semi-árido, disse que este é um
projeto de articulação forte entre vários parceiros, coordenados
pelo Programa de Convivência com o Semi- árido. "Esse é um grande
exemplo, um "módulo didático", de convivência com o semi-árido. Se
integrando com outras ações como as cisternas, o reflorestamento e
os arranjos produtivos locais do caju, do mel, da mandioca, galinha
caipira, enfim, todos os arranjos que dão sustentabilidade econômica,
social e ambiental para as famílias desta região viverem com
dignidade. Foi por isso que trouxemos a equipe do EMATER que
trabalha no semi-árido para conhecer a experiência, visando
disseminar bem esta nova tecnologia", explica o diretor.
"Este é um trabalho de vida. Há quanto tempo se vêm falando da
convivência com o semi-árido? Então, é necessária uma ação concreta.
Este é um trabalho que se vê uma ação muito concreta de alternativa
de convivência digna para aqueles que vivem no campo". É o que diz o
padre João de Deus, um dos maiores articuladores das políticas de
convivência com o semi-árido no município de Oeiras.
De acordo com a coordenadora do Programa de Convivência com o Semi-
árido, Lucia Araújo, o projeto contempla 12 municípios da região
semi-árida. Sendo que, 10 municípios, fazem parte da parceira do
Projeto Viva o Semi-árido, que é uma parceria do governo e sociedade
civil. "Nós já realizamos este trabalho, com o apoio técnico do
EMATER e execução da COOTAPI e Associados, em oito municípios. Uma
média de 300 "Barraginhas", atendendo em média 100 famílias da
agricultura familiar de cada município", afirma Lucia.
A coordenadora explica ainda que, para a implantação das
"Barraginhas", os municípios atendidos são visitados pela equipe
técnica do programa, que faz uma mobilização social para a
constituição de um comitê gestor municipal com representantes das
prefeituras municipais e das entidades como sindicato, igrejas e
associações comunitárias. Esse grupo, além de gerenciar o trabalho,
vai ser um multiplicador da tecnologia. São oferecidos cursos para
as lideranças comunitárias e capacitação para todas as famílias
beneficiadas. "Isso é importante para que estas famílias possam
entender o contexto maior em que vivem, analisar e compreender a
tecnologia. Para mostrar a importância da "Barraginha", já que ela
passa a ser de propriedade da família", finaliza Lúcia.