Por José Marques de Souza Filho
Assessor de Comunicação EMATER
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O Diretor Geral (em exercício) do EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí, Eng. Agron. Adalberto Nascimento foi ontem (22) aos municípios de São João do Piauí e São Raimundo Nonato participar da abertura da segunda etapa dos cursos de capacitação em Manejo Produtivo e Reprodutivo de Caprinos e Ovinos. O trabalho visa qualificar 100 técnicos no âmbito do projeto Cabra do Piauí, sendo 25 técnicos em cada município envolvidos nas duas primeiras fases.

“A idéia é fazer com que os nossos técnicos possam ser multiplicadores e, a partir daí, fazer com que os agricultores familiares destas regiões possam ter a caprinovinocultura como um empreendimento, gerando renda e trabalho no semi-árido”, disse Adalberto.

Diretor Geral (em exercìcio) Eng. Agron. Adalberto Nascimento

Os cursos estão sendo realizados a partir de convênio do Governo do Estado do Piauí, através do EMATER, com o IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura e BNB - Banco do Nordeste. As aulas estão sendo ministradas pelos Médicos Veterinários José Mauricio e Érica Meneses, que fazem parte de um instituto de pesquisa da Universidade Estadual do Ceará e têm duração de 40 horas/aulas teóricas e práticas. O trabalho vai ser encerrado na próxima sexta-feira (27).

“A realidade da produção de caprinos e ovinos é de baixa produtividade, baixo índice de natalidade e baixo índice de peso de carcaça. O que a gente quer é que, a partir destas capacitações, a médio e longo prazos, agente ter um horizonte de melhoramento destes índices, partindo de um melhoramento genético, fazendo com que os agricultores familiares passem a ter uma renda mínima sustentável nesta atividade. A expectativa ainda é que, no prazo de um ano, este agricultores familiares tenham uma cultura de empreendedorismo nesta atividade e possam gerar um renda de pelo menos R$ 600 por mês para cada família”, explica Adalberto.
 
Curso em São João do Piauí

O diretor explica que a primeira fase do curso aconteceu de 15 a 19 deste mês nas cidades de Oeiras e, também, São Raimundo Nonato, envolvendo, da mesma forma 25 técnicos em cada município, oriundos de vários outros municípios daquela região. “Para se ter uma idéia, no ano passado, só o Banco do Nordeste financiou mais de cem mil matrizes nesta região. A nossa preocupação é que, este rebanho financiado, não gerou aquilo que se esperava. A idéia nossa agora é iniciar com um público menor de agricultores familiares por município em cada região e, a partir daí, a gente possa fomentar a cultura da caprinovinocultura nesta região”, finaliza Adalberto.

O que é o Projeto Cabra do Piauí

Segundo o diretor Adalberto Nascimento, a pouco tempo atrás o governo do estado do Piauí lançou o Programa Cabra do Piauí, que visa a qualificação da caprinovinocultura e que, no caso do EMATER, consta a capacitação dos técnicos deste Instituto, de agricultores familiares e de algumas atividades de intercâmbios que serão realizados. “Nesta primeira fase consta a capacitação de cem técnicos que vão cobrir toda a região de São Raimundo Nonato, Paulistana e São João do Piauí”, disse Adalberto.

De acordo com o texto do projeto Cabra do Piauí, o governo está buscando identificar e considerar as diferenças locais para construir projetos ambientalmente corretos, socialmente justos, economicamente viáveis e culturalmente adaptados aos diferentes padrões e sistemas dos territórios de ação. A proposta visa ainda concentrar as diversas instituições econômicas, sociais e políticas nesta cadeia produtiva, considerando todas as etapas de produção e distribuição que agregam valor a produtos e serviços até o consumidor final. (mais informações no site do emater http://http://www.emater.pi.gov.br/index.php)

Conservação de sêmen em água de coco

Partindo de uma explanação sobre a produção de caprinos e ovinos, mostrando desde as vantagens da criação destes animais na região semi-árida, buscando fazer um comparativo destas vantagens com a criação de bovinos, por exemplo, os ministrantes dos cursos buscam atentar os técnicos para a rusticidade dos caprinos e ovinos, atentando ainda para a utilização de elementos regionais no manejo destes animais. “Temos tido bastantes surpresas como na parte de inseminação artificial com a conservação de sêmen em água de coco, que é uma coisa nova e os técnicos tem dado grande importância a isto”, disse a Assistente Social Maria Góis, que participa da coordenação dos cursos.

Durante a fala na abertura dos cursos, o Diretor Geral Adalberto Nascimento exigiu que cada técnico participe o mais ativamente possível na excussão das técnicas apresentadas no curso.

Consultor fala da cultura do empreendedorismo no PI e CE

O médico veterinário José Maurício, um dos ministrantes do curso de capacitação, disse que a situação da caprinovinocultura nos estados do Piauí e Ceará são muito parecida, com relação à assistência técnica onde existem poucos técnicos nos dois estados, na dificuldade do melhoramento da genética dos animais e na comercialização dos produtos e subprodutos. “Conversando com os colegas aqui do Piauí deu para perceber que a situação não difere muito nos dois estados e nos demais estados do nordeste. É um potencial que é reconhecido, mas falta uma organização melhor no sentido da produção”, disse

Médico veterinário José Maurício

Ele disse que, tanto os pequenos, quanto médios e grandes produtores estão arraigados a técnicas antigas, sem nenhuma fundamentação científica e tecnológica. “E preciso mudar isso. É preciso que os agricultores familiares passem a encarar a sua produção como negocio e como subsistência, independente do seu tamanho, para assim poder absorver estas tecnologias que podem aumentar a sua produção e mudar a sua própria qualidade de vida”, explica.

Ele falou das dificuldades que o agricultor familiar enfrenta no manejo da produção de caprinos e ovinos. “Um coisa que eu demonstro no curso é que, dentro de uma propriedade você tem basicamente três formas de manejo, que é a nutrição, a sanidade (que é o controle e prevenção de doenças) e a reprodução. Essas coisas estão interligadas. Muitas vezes, até mesmo grandes produtores, querem dar um incremento na produção com a aquisição de reprodutores de elevado preço, mas ele não tem condição de fazer isso se não tiver um manejo eficiente de nutrição e sanitário do rebanho”, finalizou Maurício.

23/09/2008