Astrid Lages e Sarah Fontenelle
Tiveram início hoje (23) as atividades da VI Edição da Feira Piauiense de Produtos da Reforma Agrária e Comunidades Quilombolas (VI Ferapi). O Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (Em ater) está presente no histórico da Feira, tendo em vista que trabalha prestando assistência técnica aos agricultores familiares em assentamentos e comunidades rurais quilombolas em todo o Estado.
Com tema “Reforma Agrária, Meio Ambiente e Modos de Vida” os agricultores familiares, quilombolas estão tendo, mais uma vez, oportunidade de mostrar seus trabalhos tanto na área agrícola, quanto artesanal, de forma a destacar que é possível produzir sem agredir o meio ambiente.
Fortalecimento da idéia de reforma agrária
Compreendendo a importância da feira, principalmente por ser um espaço de oportunidade de comercialização, onde o pequeno produtor mostra sua capacidade de produção, o Emater-Pi atua na feira tanto na organização como na distribuição de cartilhas com dicas técnicas, palestras e na degustação de produtos que são feitos nas capacitações que o instituto oferece para divulgar a produção local.
“É preciso valorizar a produção dos pequenos, e lutar para que se tenha uma prioridade dos recursos para os pequenos produtores. Vemos que a feira é uma oportunidade valiosa para os agricultores familiares mostrarem sua produção”, comenta Guedes, lembrando da preocupação com o meio ambiente. Disse que é interessante perceber que os produtos que estão sendo expostos e comercializados são produtos saudáveis, sem agrotóxico. “Isso é uma característica da agricultura familiar”, diz o Diretor Geral do Emater.
Para Elemar Luciano Pereira Bilha, integrante do Movimento Sem Terra (MST), este ano a Ferapi cresceu na questão da unificação dos movimentos, como MST e Quilombolas trazendo um caráter de luta à feira e, em sua opinião, o resultado disso são as temáticas escolhidas como meio ambiente, reforma agrária e agricultura familiar. Luciano ainda destaca que, apesar da feira não ser numa época de forte produção agrícola, traz certo contato de campo e cidade.
“Além do lado comercial, A Ferapi traz um lado de formação com seminários e palestras e plenárias, um momento do agricultor sair do trabalho braçal, para um momento intelectual, além de compartilhar experiências”, destaca Luciano.
Histórias de auto - estima
Durante a solenidade da abertura da feira, o diretor geral do emater ressalta dois importantes aspectos da Ferapi. O primeiro, a auto-estima e a valorização das pessoas. “Essas comunidades nunca mais serão as mesmas. Agora eles têm orgulho de ser da sua terra, capacitados para tal, vivem e geram renda”, comenta Guedes.
Outro aspecto de grande importância citado por Guedes é o empreendedorismo. “Através dos esforços e das parceiras conseguimos dar uma grande alavancada para promover o pequeno empreendedor”, comenta, ditando exemplos como o do município de São Martins, município de Paulistana, onde nela 20 famílias vivem e ganham renda, oriunda da horta familiar e ovinocapronicultura.
“Visitamos o assentamento Santa Teresa, região de Uruçuí, nos cerrados Piauienses. Lá conhecemos uma senhora, descendente indígena chamada Dan”,conta. Ele complementa que Dan, possui 300 galinhas caipiras, horta comunitária e gado leiteiro. “Tudo isso são exemplos de assistência técnica, capacitação e empreendedorismo”, conclui. Dan participa da Ferapi comercializando seus produtos.
A VI Ferapi acontece até o proximo dia 25, na praça Pedro II ,no Centro de Comercialização do Artesanato Mestre Dezinho. É realizada anualmente pelos movimentos sociais e comunidades quilombolas para divulgar a produção cultural e alimentar de agricultores familiares, com apoio dos governos estadual e federal.