Gerar emprego e renda no campo é a grande meta do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (Emater-PI). Passos largos já foram dados com a reestruturação de 165 escritórios e, em breve, serão 223 em pleno funcionamento. Em menos de quatro anos, a parceria do Governo do Piauí com o Governo Federal possibilitou investimento da ordem de R$ 600 milhões na agricultura familiar, que é o foco principal do órgão no Estado. Sua recuperação, os projetos produtivos, a capacitação dos produtores e várias outras atividades trazem novas perspectivas para o homem do campo. Dirigido pelo extensionista Adalberto Pereira, o Emater-PI abre caminhos para o desenvolvimento e diminui o êxodo rural, conforme revela nesta entrevista ao Portal do Governo. Confira.
Portal do Governo - Qual a grande conquista do Piauí na área de extensão rural?
Adalberto Pereira - Eu considero a reestruturação do Emater, o estágio em que ele se encontra hoje como uma grande conquista, até porque os próprios servidores da instituição não acreditavam mais nessa possibilidade. Muitos estavam abandonando a profissão ou atuando no órgão apenas como "bico". Mas, hoje, estamos numa fase bastante avançada de reestruturação, com a credibilidade dos servidores e também dos agricultores. Os escritórios são lotados, todos os dias, de demandas e de presenças de agricultores familiares. Antes desse governo, os agricultores não freqüentavam mais esses escritórios.
Portal - São quantos escritórios do Emater no Estado do Piauí?
Adalberto - Chegamos a 165 municípios e vamos chegar aos 223. Esta é a meta do governador Wellington Dias, de ter um escritório do Emater em cada município do Piauí, e já estamos próximos de atingir esse objetivo.
Portal - Quem é o grande financiador dos projetos do Emater no campo?
Adalberto - Com certeza, o Governo Lula. Temos uma parceria muito forte e, praticamente, de todos os recursos de reestruturação do órgão, 90% vieram do Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que tem excelente trabalho em âmbito nacional de reestruturação de todo o sistema de assistência técnica e extensão rural. Nós, do Piauí, não estamos perdendo essa oportunidade, considerando que trabalhamos parcerias muito fortes, angariando recursos para nosso Estado.
Portal - Qual o volume de recursos investidos no Piauí nesta administração?
Adalberto - Temos recursos via crédito rural que ultrapassam, por ano, mais de R$ 100 milhões; então, vamos ter mais de R$ 400 milhões. Temos recursos de infra-estrutura que ultrapassam a R$ 12 milhões, e temos, também, recursos via Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que vêm para estruturação do Emater. Juntando tudo, vamos ultrapassar R$ 600 milhões que estão entrando no Piauí nestes quatro anos. Recursos do Pronaf diretamente para os agricultores familiares, que é o volume maior; recursos através de associações de agricultores familiares, que é o Pronaf Infra-Estrutura; construção de projetos; de centros e recursos para os equipamentos do Emater, como computadores, veículos e, também, para a capacitação.
Portal - Quais os principais projetos produtivos que estão sendo executados?
Adalberto - Trabalhamos com aproximadamente 13 arranjos produtivos. Considero mais avançada a parte de custeio agrícola, que são as atividades que os agricultores vinham até exercendo, mas sem apoio do governo. Temos novidade, como é o caso da mamona, no atual governo; tem o caso da cultura do sorgo, que é da família do milho e muito resistente à seca. Tem o algodão, que está retornando também. Na parte animal, o caprino, o ovino. A piscicultura também é novidade, pois praticamente não tinha mais trabalho nessa área da criação do peixe. O pescado tem avançado bastante. A cajucultura também tem sido opção muito forte, tanto na expansão da área plantada como no aproveitamento da polpa do caju. O Projeto Cajuína hoje é destaque no Estado. Milhares de famílias, todos os anos, aprendem a fabricar cajuína aproveitando o suco do caju. Na área das hortaliças, a maioria dos municípios consumia até hortaliça folha, folhosas, vindas de outros Estados. Nós, aos poucos, estamos superando esse desafio. São centenas de municípios que, hoje, já têm sua horta. Assentamentos também têm sua horta para alimentação e comercialização para incremento de renda.
Portal - Em que a assistência técnica e a extensão rural vão melhorar daqui para a frente?
Adalberto - Nos primeiros quatro anos, tivemos de fazer duas coisas ao mesmo tempo, o que não é fácil. Uma, é reestruturar o órgão do ponto de vista físico, material e de recursos humanos. Ao mesmo tempo, atendemos à demanda dos produtores da agricultura familiar. Então, a minha expectativa é de que, no segundo mandato - a decisão é do governador -, é que agora temos muito mais condições de nos dedicarmos, realmente, aos projetos produtivos que geram trabalho e renda para as famílias dos agricultores, e este vai ser o foco do Emater. Para cada região do Estado, vai ser eleita uma ordem de prioridade dos projetos que vamos trabalhar a assistência técnica e a capacitação em todas as suas dimensões, para que, realmente, a agricultura familiar ocupe seu espaço e se consolide como atividade lucrativa, geradora de renda e de fixação do homem no campo. Eu não tenho dúvida de que a agricultura familiar tem muito a contribuir com o desenvolvimento do Piauí. Daremos assistência técnica aos projetos produtivos, sendo que cada regional terá a sua prioridade.
Portal - O senhor é integrante da Asbraer (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural. A que ela se destina e qual o benefício para o Piauí?
Adalberto - A Asbraer, na verdade, é uma instituição que congrega todas as instituições oficiais de assistências técnica. O papel dela tem sido esse: o de mobilização, de cooperação com o Ministério do Desenvolvimento Agrário através do Dater, que é o Departamento Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, e também ajudando na parte de capacitação. Em todos os Estados, representantes de Emater, mobilizados e participando ativamente do planejamento, contribuímos para o resultado que temos hoje nessa área da extensão rural.
Portal - O que tem sido feito pelo agricultor na área de capacitação?
Adalberto - A capacitação tem sido nossa marca. A horticultura. Lá está a capacitação dos agricultores com a instalação da horta. O aproveitamento do caju tem a capacitação em que os agricultores aprendem a fazer praticando. Em todas as áreas que trabalhamos, o forte tem sido a capacitação. Os agricultores são capacitados na parte de novas tecnologias. Nessa parte relacionada com a gestão é o grande desafio: o gerenciamento dos projetos; como também na comercialização. Todos os nossos projetos contemplam capacitação de agricultores e de técnicos do Emater. Os técnicos atualizados levam maiores conhecimentos aos agricultores familiares.
Portal - O Plano Safra 2006-2007 contempla o Piauí dentro do esperado?
Adalberto - Com certeza. Estamos fazendo, também, uma capacitação de técnicos. Já formalizamos uma capacitação com o Ministério da Agricultura para fazer o acompanhamento de todos os agricultores do Grupo C do Pronaf, que são justamente aqueles que recorrem ao banco para tirar um financiamento para o plantio no período do inverno. Ele precisa ter todas essas informações de ordem administrativa na relação com o banco, como também de ordem técnica. Vamos acompanhá-los. A meta é de acompanhamento de 32 mil famílias beneficiárias do Pronaf, do custeio do Grupo C.
Portal - Desde a elaboração do projeto até a sua execução demora muito?
Adalberto - Nesta parte do Grupo C, que eu me refiro como o do custeio, ela tem início agora, em outubro, com o preparo do solo em novembro, dezembro e vai até junho, quando tem o final da colheita. Então, essa é a fase do custeio agrícola. Agora, os projetos que têm investimento, a assistência é dura, dependendo do projeto e da classificação, de três até 10 anos de acompanhamento.
Fonte: Portal do Governo
13/10/2006 16:03
por Edmilson Silva